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Camanducaia

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Gosto do sol que bate na varanda da frente e do vento que sopra balançando as árvores de um lado pro outro. Escrevo enquanto mexo no meu cabelo. Gosto do jeito que ele fica aqui. Mas não tanto quanto o cabelo da namoradeira sem nome que me olha da janela.
Gosto das certezas e das incertezas que tenho aqui. Minha prima vai chegar daqui a pouco, a gente vai ver Malhação e depois tomar sorvete. Eu vou escolher de choco-menta e ela de torta de limão. Talvez a gente pegue a bicicleta e atravesse a cidade inteira em meia hora. Talvez a gente encontre alguém que sabe meu nome e que mande um beijo pra minha mãe. Talvez esse sol bonito vá embora e eu tenha que sair correndo recolher a roupa. Meu caderno vai molhar. As plantas vão agradecer. Vou perder o chinelo em algum canto dessa casa enorme. Isso tudo porque a Dona Dina não pode largar o fogão. Aliás, que cheiro gostoso vem da cozinha!
As vezes eu sinto vontade de morar aqui. As vezes eu esqueço o quanto gosto de uma tarde no shopping. Esqueço que aqui não tem Credicard Hall, nem Livraria Cultura, nem Teatro Abril. Como as pessoas vivem? Elas tem uns aos outros.
Ninguém aqui precisa de livro pra ouvir histórias, de shows pra ouvir música, nem de comédia pra dar risada. Drama? Romance? Isso tudo elas tem nas próprias vidas. Ou na dos outros, que todo mundo acaba sabendo no dia seguinte.



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