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Deve haver

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A luz do sol invadiu a frestinha da janela do quarto. O dia começou bem. Provou o vestido e mandou foto pras amigas. Leu pela milésima vez o texto do discurso e conferiu se não tinha mesmo nenhum erro. Marcou a consulta médica pra outra semana, porque naquela já sabia que todos os dias serão corridos. Fez a tradicional arrumação de guarda roupa e estante do primeiro dia de férias, mesmo estando cansada por ter passado a madrugada assistindo os três filmes preferidos. Diversão não cansa. O que cansa são cinquenta minutos de hidrostática, ou orgânica, ou genética, ou complexos. Mas naquele dia não tinha nada disso. O 1989 tocava no último volume. AND WE NEVER GO OUT OF STYLE, WE NEVER GO OUT OF STYLE OW YEAH. Todos os sonhos estavam se realizando. Até o que sempre pareceu impossível. Completamente impossível. O que fazia com que tudo ao redor parecesse enfim dar certo. Daí o telefone toca. E tudo muda. Não dá nem tempo de chorar ou pedir ajuda, porque nessa altura da vida a responsabilidade e o poder de decisão não cabe a mais ninguém. O cabelo está meio sujo, e no rosto não há ao menos uma camada de rímel. Mas não dá pra perder tempo. Lá fora deve haver alguma solução. Deve haver.

Família. Amigos. Compreensão. Parceria. Amor. Se você tem isso, tem tudo.

Sabe, nem sempre o que tem tudo pra dar certo realmente acontece. Talvez o que parece ser uma tragédia  seja só algo pra preencher a mente com pensamentos positivos e balançar um pouco o que estava em equilíbrio. Não dá pra ter certeza do que vai acontecer. E não necessariamente seguir os passos de outra pessoa faz com que se tenha o mesmo destino. Cada um tem um caminho. Não, não sei qual é o meu. Mas sei onde quero ir. Devagar eu chego lá.