Páginas

Aquela cena que só aconteceu na minha mente

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Por que conhecemos tantas pessoas ao longo da vida? E por que só algumas delas se tornam presentes, às vezes pouco, às vezes um pouco mais, às vezes o tempo todo? E por que, meu Deus, por que existem momentos em que a única pessoa que é capaz de nos fazer sentir algo tão puro, tão raro, tão íntimo, tão lindo, também é capaz de transformar em algo tão questionável, tão imprevisível, tão dilacerante? Por que essa pessoa precisa se sentar em um dos bancos da praça que faz parte do caminho de todo mundo, como se morasse numa cidade do interior, como se aquela praça não fosse suja e cheia de pombos mortos de fome (quem dera só fossem os pombos), como se não tivesse hora pra voltar, como se não tivesse prova no dia seguinte, como se não tivesse nada pra fazer a não ser beijar aquela garota magra e linda, desnecessariamente linda, que usava aquele uniforme horroroso e mesmo assim continuava linda, como se não tivesse que esconder aquilo de ninguém, como se beijar uma garota dias depois de ter feito uma promessa para outra fosse algo totalmente normal e aceitável?
Como uma pessoa tão única consegue cometer um erro tão clichê?
E já que era pra ser clichê, por que não até o final?
Por que não foi atrás dela, por que não disse "não é nada disso que você está pensando", ou "me deixa explicar o que está acontecendo", só pra ela entrar no jogo e responder "você não precisa explicar nada, a vida é sua, faça o que quiser, eu cansei", sem parar de andar e ir embora sem olhar pra trás? Por que não a esperou no dia seguinte em uma esquina, uma escada, uma catraca? Ela é tão fácil de ser achada. Talvez tão fácil que ele deve ter achado que ela não é do tipo que fica achando o que não deve ser, nem hoje, nem nunca.

Ando vendo filmes demais.