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Um. Dois. Três. Agora.

sábado, 5 de abril de 2014

Estou sentada no lugar onde a dúvida foi transformada em certeza, abrindo espaço para novas dúvidas.

Tem um monte de gente aqui, mas eu me sinto tão sozinha. Na verdade, depois que meus melhores amigos deixaram de fazer parte da minha rotina escolar, todos os almoços foram assim. O único em que eu me senti realmente completa foi quando você me mandou aquela sequência de mensagens que fez tudo mudar. O meu humor, a velocidade das batidas do meu coração e a os planos existentes na minha mente.

Nossa, posso mandar todo mundo calar a boca? Cada vez que me dou o trabalho de tirar os fones de ouvido sinto vontade de sair correndo. É tanta reclamação desnecessária. Tanta conversa sobre nada. Tanta risada forçada. E não há nada que me irrite mais do que isso. Já diz aquela música "que você descubra que rir é bom, mas que rir de tudo é desespero". Aquela música que eu ouvi com você do meu lado.

Lembra o que aconteceu depois? Chegou a hora acordar e ir embora. Pra longe. Pra vida. Que vida? A minha? Não, não seria mais a mesma sem você. Minha vida agora tinha nome e sobrenome. Só que metade disso eu não sabia. Mas eu sabia o que deveria fazer. Então fiz.

Voltei. Achei que nunca mais fosse te ver. Passei três dias na bad. E que bad. Todo mundo te conhecia, mas ninguém sabia me dizer. Todo mundo me entendia, mas ninguém sabia o que me dizer. Teria durado muito mais se não tivesse acontecido o que aconteceu. 1- Login. 2- Carregou na tela. 3-o mais demorado- carregou dentro de mim.

Você disse exatamente o que eu estava querendo te dizer desde o primeiro dia. Desde o primeiro segundo. Quando a vida, que já era repleta de sonhos e motivos, ganhou um sentido a mais.

Alguns dias se passaram, e você mesmo tão longe se tornou cada vez mais presente. Completou os meus momentos de solidão com palavras que me deixavam sem palavras. Me inspirou. Me tirou o sono. Pela simples alegria que era ficar acordada.

Senti que valia a pena. Fiz as malas e fui em sua direção. Tudo me fazia ficar meio hipnotizada. Sua voz, seu toque, seu cheiro. Cada detalhe que eu esperei por tantos dias. Mas antes mesmo do sol nascer, foi a sua vez de fazer as malas. E levou junto o sentido de tudo aquilo. Nunca me senti tão sozinha quanto naquele amanhecer. A mesma música ficou tocando enquanto eu decidia o que iria fazer. Até que ela foi interrompida por uma ligação.

Ah, como é bom perceber que certas coisas nunca mudam. Como é bom ter amigos com o dom de trazer felicidade sem se esforçarem. Uma volta de carro pela cidade com teto solar aberto e sertanejo no último. O melhor açaí do mundo com muito leite condensado. Piadas que nunca perdem a graça. Companhia até o último segundo. Tchauzinho pela janela do ônibus. Coração bagunçado, mas alma feliz.

Tudo aqui continuava igual. O despertador que toca às seis, a catraca que cobra um e cinquenta e a ordem das aulas do dia. Mas é claro que a noite ia chegar. E chegou, junto com a saudade e a solidão. O que não chegou foram as suas palavras que costumavam me acalmar, e o sono pra me desligar pelo menos por um tempo. 

Continuo ligada.

Em 2010, 2011, eu passava horas no Twitter vendo aquelas famosas frases sentimentais. Tipo "Um dia alguém vai passar com o meu perfume e você vai lembrar de mim". Achava que era coisa de filme. Mas não. Aconteceu. Ontem mesmo, voltando pra casa, depois de mais um dia longe de você. Obrigada, destino. Me fez passar pelo lugar certo na hora certa pra me fazer cair na real. Bem que meu professor de biologia falou que cheiro e memória se processam em regiões próximas do cérebro. 

Agora estou longe de tudo que me estressa. Acho que é a hora. Não pensei em nada pra dizer e não sei se consigo ser completamente sincera. Mas eu sei que não aguento mais esse silêncio.

Já é tarde, mas não feche os olhos ainda. Diga boa noite pra todo mundo, mas continue aí. Digite os quatro números e siga os três passos de sempre. Um por um. Relaxa, você sabe que eu nunca tive pressa. E quer saber por que? O nosso tempo não é só hoje não. É sempre. Sem-pre(ocupações).