Páginas

Enquanto eu te olho

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Você me perguntou o que eu estava pensando enquanto te olhava. Eu disse que não era nada. Mas é porque todo o meu vocabulário é reduzido a nada toda vez que você me encara daquele jeito. Então aqui estou eu tentando te dar uma resposta que consiga solidificar pelo menos metade da metade de tudo que vem na minha cabeça toda vez que te olho.

Eu vejo alguém com uma coleção de memórias maior do que a minha de sonhos. Alguém que já descobriu o que sabe, gosta e quer fazer pro resto da vida. Alguém que conhece muito do que eu nunca tinha ouvido falar, e nunca tinha ouvido falar do que eu mais conheço. Alguém que já tem grande parte do tempo e do espaço preenchida, mas que ainda me faz sentir que há vazio onde sou bem vinda.

Às vezes eu dou risada. Tá, na maioria das vezes eu dou risada. Mas não é porque o que você fala é engraçado. Eu encontro graça é na sua tentativa fofa de me fazer rir. E no sorrisinho que dá enquanto espera minha reação. E quando explica várias vezes até ter certeza de que eu entendi. Eu sempre entendo. Só não entendo todo esse seu zelo que parece não ter fim.

Admito que tenho uma série de defeitos, mas também sei reconhecer minhas qualidades. A maioria delas muita gente me diz. São sempre as mesmas coisas. Mas você reparou em algo diferente. Não está do lado de fora e eu nunca me esforcei para demonstrar, porque nunca passou pela minha cabeça que fosse algo, sei lá, notável.  

O que mais eu penso quando te olho? Penso que não adianta eu parar de pensar, porque você me prende de uma forma totalmente inconsciente. Na verdade, sempre me prendeu. A diferença é que agora eu acho que também prendi você.